Como lhe surgiu a paixão pelo andebol?Ligado ao andebol desde 1964 através das actividades extra curriculares da minha escola Liceu D. João III através do Professor de Educação Física António Barros e depois pelo Professor Julio Damas Paiva. Como vivia nas proximidades do Campo de Santa Cruz, experimentei o andebol onde tive como primeiro treinador (escalão de junior (não havia outros escalões) o Américo da Costa Pereira, sendo depois substituido pelo Prof Damas Paiva que durante cerca de uma década “marcou” o andebol da AAC. As amizades que se fazem nesta idades são decisivas para o futuro bem como as influências dos treinadores e a AAC clube de características especiais onde os atletas podem também ser dirigentes . O gosto pelo treino desportivo foi depois o lacre para uma “carreira”na modalidade. Na AAC fui praticante , dirigente e treinador .
Quais foram as suas referências no andebol?
A questão pode ser encarada de vários prismas. Se falarmos de treinadores começo pelos meus dois primeiros treinadores Amério Costa Pereira e Júlio Damas Paiva , e na altura seguiamos com muita atenção o Machado da Costa o Armando Campos e o Matos Moura treinadores dos principais clubes . Depois temos o Ângelo Pintado (Benfica) e o António Cunha (Porto); apare depois contratado pelo Porto, o treinador jugoslavo Djebik que por cá ficou alguns anos . Dos estrangeiros seguiamos com muito interesse la escola Romena e depois a Jugoslava . A romena campeâ do Mundo com o Kunst Germanescu , Nicolae Nedeft e a Jugoslava com o Vlado Stenzel. De tal maneira nos fascinavam a sua lição que na primeira oportunidade fui a uma acção de formação de treinadores na Jugoslavia. A escola alemã (tive a oportunidade de frequentar alguns simpósios neste país) também foi determinante e mais recentemente a Sueca (treinada por Bengt Johansson) e a Espanhola. A França (penso ser o país que mais e melhor trabalha a formação desportiva, onde também me foi dada a oportunidade de acompanhar o trabalho da detecção de talentos) ocupa nos últimos anos lugar de relevo ao vencer as principais competições internacionais desde 2008 (J. O.) Lembro os treinadores chave deste sucesso: Daniel Constantini e Claude Onesta.Curiosamente a nossa Federação têm escolhido para a equipa senior, treinadores estrangeiros que tem influenciado o nosso modelo de jogo na última década: as escolas Romena (Costache), Russa (Brazinski e Donner) Espanhola Zupo e Cuesta) e Sueca (Olson). Pode ser que a próxima influêcia seja portuguesa…
Se falarmos de jogadores e nacionais, lembro-me da selecção que em 1976 ganhou em Lisboa a Fase C, jogadores que foram os nossos modelos durtante alguns anos (João Gonçalves, Carlos Silva, Jorge Rodrigues, Luís Hernâni, etc), lembro-me também de um grande Guarda-redes Bessone Basto, talvez o melhor de todos os tempos, Manuel Brito, Carlos Resende, Tchikoulaev, que foram as nossas referências. Depois temos ao longo das decadas mais recentes outros que através das transmissões televisivas todos conhecemos e admiramos (basta ver os campeonatos alemão e espanhol). Dos estrangeiros tinhamos o Gruia, Birtalan, Gatu e Licu romenos campeões do Mundo em 1970, e depois os jugoslavos campeões do mundo e olimpicos nos anos seguintes Arslanagic, Horvat ,Pokrajac, Popovic , Mais tarde os russos Maximov, Ampilogov, Klimov, Wislander, Duishebaev, Kretzchmar. Realço na área dos G. Redes o actual seleccionador nacional Mats Olson com quem muito aprendi, na sua especialidade, de tanto o ver trabalhar, mas temos também o Svensson o Gentzel e o Lavrov. Mais recentemente temos Richardson, Karabatic , Bertrand Gille Karaboué e por aí fora..
Se falarmos de países a minha grande referência foi a ex Jugoslavia (reparem que o país desmembrou-se e deu origem a mais algumas boas selecções da europa do andebol (Croacia, Servia, Eslovénia, Montenegro, Bosnia e Macedónia). Hoje claro não podemos ignorar a França que ganhou as três ultimas principais provas (Triplé historique …J.O 2008, mundial 2009, Europeu 2010 e J. Mundial 2011 ), a Espanha a Alemanha e a Suécia (depois de dominar o andebol mundial está em renovação) .
No seu curriculo de treinador foi seleccionador nacional da equipa feminina e em clube treinou masculinos. Qual prefere, andebol feminino ou masculino?
São realidades diferentes, mas começemos pelas selecções. E um trabalho diferente dos clubes onde se trabalha supostamente com os melhores atletas nacionais. A motivação é grande as condições de trabalho são boas, há equipas técnicas, apoio médico, fisioterapeuta, apoio estatístico, apoio audivisual, estágios, participação em provas de preparação etc. É evidente que todos os começos também têm dificuldades pois as conquistas e o respeito pelo trabalho em permanente confronto com a eficácia demoram muito. O meu “batismo” internacional foi precisamente com a “escola” francesa, através de Claude Bayer Marguerite Viala, responsáveis pelas selecções francesas femininas dessa época.
Mas creio poder afirmar que no feminino a dedicação a força de vontade concentração e empenho é superior aos homens e as mulheres fazem grandes sacrifícios quando assumem um compromisso - clube ou selecção.
Esta época pegou na equipa já com a época a decorrer para substiutir o treinador que saiu. Considera que os objectivos foram cumpridos?
A saída de um treinador práticamente no início do campeonato será sempre problemática, porque não é um factor estabilizador e vai mexer com a capacidade motivacional dos atletas: todos sabemos as dificuldades organizacionais e financeiras que a AAC atravessa e a sua constante renovação da equipa senior. Para a minha colaboração costumo dizer que a paixão é mais forte que a razão… o apelo foi forte e assumi a liderança desta equipa Compromisso Académica. Nesta prova de “longa duração “ muito competitiva com equipas de valor idêntico os objectivos são os de passar à fase seguinte a da subida e discussão do acesso à divisão superior, objectivo não conseguido: naturalmente para esta prova se exigirá mais elevados graus de treinabilidade e exigência. Quem não trabalha não poderá atingir os níveis de competição desejados.
Horácio Poiares (Treinador) e José Manuel Dias (Secretário Técnico) |
Quais as maiores dificuldades que sentiu ao liderar a equipa?
As principais dificuldades foram procurar adivinhar as razões que levaram à saída do treinador…. e preparar-me para a função …Procurei em primeiro lugar estabelecer as relações inter pessoais com os jogadores (foram gratificantes) procurando seguir um código de conduta em que a honestidade, franqueza na comunicação e na acção fossem entendidos como principios fundamentais e inaliénáveis. Pretendeu-se naturalmente aumentar os níveis de empenho, agressividade, confiança solidariedade, a elevação da auto-estima factores decisivos para o êxito de qualquer equipa. Procurou-se estarmos mais sensível ao processo dinâmico da equipa, com o objectivo de reconhecer os atletas com problemas e a possibilidade de antecipar e conduzir adequadamente os conflitos. Construir um modelo de jogo de acordo com os atletas disponíveis, com relevo para uma maior eficácia defensiva e o peso que o contra -ataque tem na estratégia ofensiva, e apostar na capacidade técnica-táctica individual de grupo (2 jogadores), abandonando situações estereotipadas, priveligiando sempre a criatividade individual.
De igual modo combater o cepticismo, individualismo e o egoísmo fizeram parte dos meus princípios para esta tarefa.
Os resultados da equipa nem sempre foram consistentes, a que se deve esse facto?
A avaliação, agora que terminámos o campeonato, está a ser feita por todo o grupo de trabalho (equipa) e pretende-se que não seja etérea e que sirva de base de trabalho para o futuro. Não alinhamos em desculpas e no deixa andar. O lugar-comum será justificar os inêxitos com as lesões, as ausências a juventude da equipa, os castigos, o começo tardio da época etc (factores que são certamente idênticos na maioria das equipas).
Numa primeira análise temos notóriamente falta de trabalho: estamos numa prova de “longa duração” (Setembro a Junho apenas com uma breve interrupção em Janeiro) muito competitiva com equipas de valor idêntico que obriga a um planeamento diferente com graus de treinabilidade e exigência mais elevados. Hoje as exigências do treino ritmos de trabalho, intensidade, cargas e rigor de execução estão necessáriamente ligados ao sucesso desportivo. A organização dos jogos, as deslocações, o apoio médico, o apoio na estatística, no video, são também fatores que na AAC não estão bem resolvidos e são problemas que não devem preocupar a equipa, pois tem de estar resolvidos em tempo útil. A construção de uma equipa tornando-a mais coesa e organizada leva o seu tempo bem como construir um modelo de jogo de acordo com as características dos atletas disponíveis. Fazendo uma análise a esta época dos seniores masculinos, registamos um 8º lugar na 1ª fase entre 11 equipas e um 3º lugar (com os mesmos pontos do 2º) na fase de apuramento entre 9 equipas. O que quer dizer que na ultima fase ganhámos 6 jogos, perdemos 1 e empatámos outro (o mesmo que o clube que ficou em 1º lugar) o que quer dizer que a equipa nesta fase estabilizou as suas prestações, situação que muito me agradou.
O trabalho do treinador, também terá que ser avaliado pelos principais intervenientes, as suas capacidades as suas competências o seu relacionamento com a equipa e a orientação das competições etc. e è isso que estamos a fazer.
Quais os objectivos para a equipa na próxima época?
Com a equipa senior da AAC não tem a estabilidade desejada estando sempre ou quase sempre em renovação com a saída e entrada de atletas e porque ainda não tem uma retaguarda forte (formação), será permaturo agora arriscar objectivos, mas aquilo que se pretende, penso ser estabilizar um grupo de atletas seniores, ter um treinador empenhado e ambicioso e uma logistica que não traga perturbações a essa equipa.
O que considera ser necessário para o andebol masculino da Académica poder crescer?
Não faço diferenças entre masculino e feminino, pois o problema anda sempre à volta do mesmo: falta de equipas de formação na AAC e no distrito de Coimbra.
Este problema é transversal a todos, pois já tive um treinador (Julio Paiva) que quis e conseguiu fazer duas equipas de seniores na AAC, pois a organização dos quadros competitivos assim o permitia (por fases). Uma, com atletas estudantes não oriundos de Coimbra que vinham de diferentes escolas de andebol principalmente do Norte do país, (aqui encaixa bem o Desporto Universitário) e uma equipa de estudantes predominantemente de Coimbra com a formação feita na AAC e que ofereciam garantias de maior continuidade na equipa de seniores.
Será importante conseguir formar uma equipa directiva, que tenha em conta os pricipios base de qualquer equipa: planeamento, responsabilização, definir prioridades e tarefas, gestão de conflitos, envovência de todos e arranjar recursos….
A participação da equipa sénior esteve em risco uma vez que a Académica não possuía escalões de formação. A que se deveu este vazio na formação?
“Num grupo de 5 portugueses o culpado é sempre o 6º “ Fernando Pessoa
Temos de reconhecer os nossos erros e esses começam na atual orgânica directiva da Secção, pois normalmente tem sido formada por atletas seniores que naturalmente se preocupam em resolver principalmente os problemas das equipas seniores e as direcções mudam todos os anos. Nos últimos anos o andebol foi perdendo espaços de treino para a formação, não conseguiu arranjar financiamento para essas equipas, o constante aumento dos encargos (inscrições, seguros, arbitragens e deslocações), não ter quadros técnicos vocacionados para a área, não exigir cotas e outras obrigações aos pais. Um dos melhores períodos da AAC foi quando os pais assumiram na Secção essa área e tinham um local de treino próprio -Pavilhão Jorge Anginho: muitos atletas dessas equipas chegaram à equipa senior. A saída da formação do Pavilhão do OAF, foi um duro golpe para a continuidade de alguns escalões da AAC e para a promoção da modalidade. A modalidade também não tem na região outras equipas (referências) que são a receita para a sua evolução, nem clubes que se dediquem à formação: O Lousanense por exemplo está com problemas de recrutamento.
Como foi possível de um momento para o outro, conseguirem ter os escalões de formação, inclusive a participar nas provas oficiais?
Foi uma grande e agradável surpresa e deve-se, é preciso reconhecer, ao trabalho e perseverança de um grupo de apaixonados da modalidade (ex-atletas) liderados pelo António Sousa, que agarraram esta difícil tarefa. Estão a fazer um excelente trabalho em condições precárias, voluntários, com falta de espaços falta de retaguarda financeira, a fazer captação permanente, e o apoio dos encarregados de educação que perante as dificuldades visíveis souberam apoiar as equipas de formação da AAC. Começaram pela base, com jovens que nunca tinham tido contacto com a modalidade, souberam e captaram como já disse o apoio dos pais, a admiração e respeito das outras equipas. Eu chamo-lhe s”Os Mosqueteiros do andebol” e têm nome : Antonio Sousa, Paulo Monteiro, Marcos Alves. Julio Alves, grupo a quem se juntou a Ana Campo Maior e já contam com o apoio de mais dois ou três seniores na retaguarda: Moniz, Teresa, André, Nelson, Débora.
A participação em provas oficiais foi e é uma grande aventura que necessáriamente teria de ser feita, pois lidar com resultados muito desnivelados, (melhoria de jogo para jogo) com subidas de escalão para poderem ter equipa, (houve jogos que só puderam utilizar 6 atletas) informar e trazer para o nosso lado a compreensão dos pais, foi obra. Nutro grande admiração por estes companheiros que se entregaram à causa do andebol e da AAC.
Considera que a formação da AAC está completa ou ainda pode crescer mais, em termos quantitativos?
Tivemos a fase de deslumbramento e agora temos de passar à fase organizativa, Temos forçosamente de ter mais espaços de prática, mais técnicos e mais qualificados, temos de continuar a captar jovens, envolver cada vez mais os pais, ter directores preocupados e a trabalhar quase em “exclusividade” para a formação.
Estamos habituados à ideia “Apostar na formação “ e normalmente quem o diz não passa disso, pois apostar na formação requer muito trabalho, investimentos significativos, pouco ou nenhum protagonismo, e os resultados tardam a aparecer; hoje em dia são os pais que se empenham nessa área nos clubes e se tornam dirigentes voluntários.
Fundamental e em paralelo é preciso saber e estimular a conciliação dos estudos com o andebol, pois as solicitações extra-desportivas são inúmeras.
Os juniores/seniores tem de ter um enquadramento diferente e quase autónomo. Sózinhos nunca conseguiremos, temos de procurar ajudas externas.
Os resultados das equipas de formação são bastante desnivelados, considera isso preocupante?
Só seria preocupante se a situação continuasse, pois esta época funcionou como “ano zero” onde tudo começou, trabalho que me surpreendeu e que já enalteci. Os resultados tem vindo a melhorar de jogo para jogo, as equipas estão formadas, os pais estão cada vez mais integrados, os jovens cada vez mais empenhados na aprendizagem e o gosto de jogar andebol.
Os treinadores têm consciência que alguns factores estão a ser negligenciados ou não suficientemente maximizados na sua prática quotidiana mas a sua preocupação será a de desenvolver as potencialidades destes jovens, abordar os conhecimentos sem destruir o que é essencial - a sua personalidade. Entre a imposição e a expressão livre num jogo pedagógico com alternâncias judiciosas e complementares começa-se a ver progressos. Estão a semear e os nossos “jardineiros” parecem de qualidade…..
Trancrevo aqui uma opinião de um pai (facebbok): “Se dúvidas houvesse, quer-me parecer que este ano de (re-)arranque da formação da AAC-Andebol, apesar das péssimas condições de trabalho, repito, valeu todo o esforço: o futuro da Secção está assegurado! Mas atenção! Na próxima época queremos todos muito mais! Mais atletas, mais espaços, mais condições, mais evolução, mais formação, mais empenho, mais dedicação, mais divertimento… MAIS ACADÉMICA!!!”
Convém esclarecer que a organização do andebol nacional para a formação masculina acenta já numa estrutura que tem 1ª e 2ª divisão nos escalões de Juvenis e iniciados. Coimbra (AAC e CAIC) disputam o acesso à 2ª divisão em fase interdistrital (Leiria, Castelo Branco e Coimbra).
As condições que a AAC tem para oferecer são as ideais?
Evidentemente que não. Internamente o financiamento não tem uma base anual e depende de fatores externos tais com a Queima das Fitas e o Apoio da CMC (regulamento de apoio ao associativismo); é inimaginável que em Janeiro a Direcção Geral através do seu C. Desportivo (órgão supostamente coordenador do desporto da AAC) informe as secções que têm menos 50% da verba do ano anterior… Como poderá uma secção por exemplo assumir compromissos com quadros técnicos e dar resposta a quadros competitivos com inúmeras deslocações para a zona de Leiria e Castelo Branco. As verbas provenientes do Regulamento Municipal do Desporto, tiveram uma forte quebra percentual: ora as vantagens de um regulamento é tornar previsíveis os apoios e permitir um planeamento a médio prazo, pelo que fomos fortemente penalizados e ficámos sem soluções. Na prátrica não sabemos se conseguiremos inscrever as equipas na práxima época. Para vos dar uma ideia muito próxima da realidade este ano as equipas da AAC de andebol percorreram em deslocações 16.800K (a autarquia apoiou em cerca de 3.500K); para arbitragens e seguros das equipas seniores masculina e feminina a seccção precisou de 8.750€; para inscrições de treinadores dirigentes pagou cerca de 1.600€; para inscrições e seguro de outros escalões pagou cerca de 2.500€ ….Falta ainda fazer contas a policiamentos, apetrechamento, equipamentos, etc. A Secção contou ainda com a colaboração Pro Bono de todos os treinadores, situação muito delicada e desconfortável.
A AAC não tem espaços de prática próprios e os que utiliza à excepção do EUC tem de ser óbviamente pagos e não chegam para todas as modalidades. No EUC o espaço que o andebol utiliza, tem de ser partilhado com a Faculdade, Voleibol e Badminton, Futsal universitário. O pavilhão Multidesportos da CMC é vocacionado para o espectáculo e dá prioridade ao nível competitivo: Basquetebol e Voleibol foram as modalidades escolhidas, suspeitando que para o ano o Futsal do OAF também queira ter essa oportunidade (embora tenha que colocar em anúncio de obras o seu excelente Pavilhão…) Os Pavilhões das escolas estão já ocupados com a prática de futsal. Os autocarros da AAC não dão resposta a todas as secções pois os períodos competitivos são coincidentes, o apoio médico é precário no EUC. Na minha opinião sem apoios externos a actividade da secção, considerando as equipas seniores, será altamene problemática.
O que tem faltado à estrutura da AAC nos últimos anos?
Começo pelo óbvio: financiamento interno e externo. Mas a AAC parece-me com falta de tudo ou seja Eficiência Organizacional. Temos vivido as últimas épocas atrás dos problemas apagando fogos, apelando às boas-vontades e com grande colaboração dos atletas seniores masculinos e femininos; este ano temos de lhe juntar felizmente os pais dos atletas dos escalões de formação . Òbvio é a falta de um projecto credível e passível de ser apoiado. Temos de ter objectivos bem definidos tendo como prioritários a consolidação de todo o sector de formação e a formação contínua dos seus treinadores. A falta de equipas de formação quase ditou a não participação da equipa senior masculina pois a FAP tornou obrigatório a existência sequenciada de equipas de formação; no inicio da época a equipa de juvenis do Lousanense funcionou como equipa da AAC... (protocolo). Outro problema fundamental e dificil de resolver é a falta de espaços de prática, situação que poderá condicionar o crescimento da secção em moldes normais. Quanto às equipas de seniores teremos de lhes oferecer as condições mínimas pois de contrário continuarão a ser alvo da detecção e sedução de outros clubes da zona centro. O estatuto de estudante atleta poderá vir a dar uma ajuda à AAC mas é preciso estarmos bem organizados para que isso seja um factor a nosso favor. Temos de estabilizar um grupo de jovens jogadores experimentados que possam ser a ossatura da equipa amanhã, com uma cultura de ganhar e ir sempre mais longe.
Acha que a AAC tem condições para crescer?
Sou otimista. Já agora um provérbio chinês: " Se queres colher daqui a 6 meses semeia trigo; se queres colher daqui a 10 anos planta cerejeiras; se queres colher daqui a 100 anos EDUCA OS HOMENS." Vamos encontrar dificuldades mas é preciso não desistir. Não nos podemos esquecer que os clubes estão reféns do sistema temos em relação à Federação práticamente só obrigações e nada de direitos….Cada vez pagam mais pelos serviços que a Federação presta (organização de provas); estamos a disputar as provas oficiais de toda a formação na Associação de Leiria (associação âncora) com pesados encargos de deslocações e arbitragens. Prevêm-se dificuldades ao nível dos financiamentos públicos e na . A propósito transcrevo um excerto de umm artigo de José Manuel Constantino: “O encarecimento dos bens e serviços desportivos e a redução do rendimento disponível das famílias faz prever uma retracção no consumo desportivo; uma parte significativa do tecido associativo terá acrescidas dificuldades por força da limitação dos financiamentos com origem na administração local….; “ As federações desportivas parecem ignorar a crise e não me parece que queiram adoptar medidas facilitadoras de redução de custos, como por exemplo a reestruturação das provas nacionais, mas não reduzem os contactos internacionais das selecções Sub 19 , 17, 18 e por aí fora… As subvenções do Estado vão em mais de 50% para o alto rendimento!....
Internamente temos a “velha” luta da afirmação das secções desportivas, onde por exemplo nos disseram numa reunião com o órgão coordenador da AAC, que nos devíamos dedicar ao desporto universitário e parar a participação dos seniores por dois anos… Esta vou guardar no meu álbum de memórias e vou estar muito atento, muito atento mesmo à evolução desportiva do desporto da AAC e ao trabalho do seu Conselho Desportivo.
Na prática somos o clube que pratica a modalidade em Coimbra nas vertentes masculina e feminina (sobra um escola em Cernache, que faz um bom trabalho na formação masculina) situação dificil de manter pelo menos nas competições de seniores ( a maioria dos clubes nacionais só se dedica a uma das vertentes (por exemplo , Porto, Sporting, Abc Benfica etc no masculino, Colégio de Gaia , Gil Eanes, Madeira Sad, João de Barros no Feminino). Mas temos na AAC a vontade de continuar a lutar por manter esta situação até porque em Coimbra mais ninguém se dedica ao andebol feminino.
Quem não luta pelo que quer não merece o que deseja.