Susana Trilho atleta sénior da AAC, fez a sua formação na Escola Secundária Quinta das Flores, regressa agora à competição federada depois de ser mãe.
A compatibilização entre a prática desportiva e a maternidade, leva muitas mulheres a desistir dessa prática. Como encaraste esse problema e como consegues conciliar o desporto, o trabalho, o casamento e a maternidade ?
Não encaro como problema porque podemos compatibiliza-las, embora admita que a entrega na prática desportiva não seja a mesma que antes de ser Mãe. A conciliação da maternidade com o andebol e com o trabalho é conseguida com base num casamento feliz. Era impossível manter a prática desportiva se não tivesse a ajuda do meu companheiro. Quando temos o apoio da família e quando fazemos o nosso melhor no dia a dia as coisas acontecem naturalmente.
No teu percurso desportivo conseguis-te jogar e treinar andebol, parar e voltar a ter uma prática desportiva. Qual a receita?
No meu percurso desportivo para além de praticar Andebol fui, também, praticante de futebol. Foi, aliás, nesta modalidade que me refugiei no período da ausência de equipas seniores femininos de Andebol na zona de Coimbra. Diria que a receita é não parar independentemente do que se pratique.
Jogas na equipa sénior da AAC que participou na época anterior na 1ª divisão nacional face à reestruturação das provas nacionais. Como viste essa participação por vezes muito desequilibrada e certamente nada motivante?
Apesar do desequilíbrio, visto estarem a competir com as melhores equipas nacionais, considero que foi uma participação positiva. O facto de terem imensos jogos e muitas jornadas duplas ajudou a amadurecer e a unir a equipa.
Nesta época optou-se pela participação num segundo nível de prática. Que esperas da tua equipa?
Para este campeonato, que está agora no início e não se espera fácil atendendo às equipas que temos no grupo, conto chegar o mais longe possível. Como objectivo inicial espero a união da equipa que acaba de ser reorganizada. Conto com os membros mais antigos para acolher as novas atletas e voltar a ter um grupo unido.
A AAC não tem tido equipas de formação de retaguarda; na última época assistiu-se a uma verdadeira revolução na formação da AAC, fruto de uma opção directiva, que resultou na criação de quase todos os escalões de formação. Como vês esta mudança de política no andebol da AAC?
As renovações anuais forçadas no plantel face à conclusão/inicio dos cursos académicos em Coimbra não permitem a estabilização das equipas seniores. Com a criação destes escalões de formação vejo resolvido na AAC, dentro de alguns anos, este problema com que nos deparamos todos os anos no inicio da época.
As condições que a AAC dá neste momento aos seus atletas, exige também por parte deles, uma grande participação e esforço face às grandes despesas que as provas federadas exigem. Como vês este problema e como é que a equipa reage a isso?
A minha equipa, nesse aspecto, andou sempre uns passinhos à frente. Esta participação e esforço, agora exigidos aos atletas, desde sempre existiram neste grupo. Grande parte dos elementos estiveram sempre presentes na organização de eventos, na divulgação dos jogos, no transporte de atletas dos escalões de formação para os jogos, em acções de captações, e, foi aliás, esta equipa a pioneira na instituição de cotas 5€/mês - dinheiro que era reunido num mealheiro da equipa e que serviu para aquisição de um conjunto de equipamentos, pagou algumas inscrições de atletas e outras despesas que surgiam - Foi também este dinheiro, em hora de aperto na secção, disponibilizado à anterior direcção.
Na AAC também se verifica o problema dos atletas que a representam, porque os ciclos das equipas seniores são relativamente curtos (acabam cursos e saem de Coimbra), não se conseguindo estabilizar uma equipa. Que reflexos esse factor tem e qual a tua opinião para alterar a situação?
O melhor que pode ser feito já está em curso. A criação de escalões de formação para garantir a base de equipas seniores formadas na AAC. Reforçando anualmente com atletas que venham estudar para Coimbra considerando sempre como uma mais valia para a equipa e não como a sua "salvação".
Voltando ao problema do desporto feminino que medidas proporias para superar a insuficiente representatividade das mulheres no desporto, dado que não se conhecem estratégias e políticas que levem a uma igualdade de oportunidades e paridade entre géneros?
Em Portugal, infelizmente, existe ainda a mentalidade de que só os homens estão vocacionados para o Desporto, apesar de haver no nosso país bons exemplos de grandes atletas femininos. Mas esta mentalidade está a sofrer alteração e isso está a reflectir-se nas gerações mais jovens. Eu propunha que as instituições desportivas das mais variadas modalidades se dirigissem às escolas para efectuar campanhas para angariação de atletas femininos.
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